vacina COVID e ciclo menstrual? temos os primeiros resultados!

Em Agosto 2021 escrevi um primeiro artigo sobre este assunto, com o pouco que sabíamos.

Estamos em Fevereiro de 2022, e cá estou, a pegar nos primeiros estudos sobre o impacto da vacina no ciclo menstrual.

Para quem ainda não sabe a diferença entre ciclo menstrual e menstruação ou período, aconselho que comece por aqui.

Para quem está em contraceção hormonal, importa esclarecer que não tem ciclo menstrual, ainda que tenha hemorragia de privação, pelo que os resultados que trago hoje não se aplicam.

Durante estes meses de vacinação, a experiência entre as clientes do Círculo Perfeito tem sido bastante distinta.

Desde pessoas que não sentiram qualquer alteração, a outras a quem tardou a ovulação dias, semanas ou meses.

Acrescenta-se ainda uma pequeníssima percentagem que engravidou nos ciclos da vacina.

Esta é uma população específica e interessante (neste cruzamento de informação) porque são pessoas que, por monitorizarem o seu ciclo, sabem efetivamente:

  • em que fase de ciclo estavam quando levaram a vacina
  • se a ovulação tardou e quanto tempo, comparativamente ao seu habitual
  • que alterações se deram na fase pós-ovulatória

Gosto ainda de acreditar que (a maioria, pelo menos) terá um menor viés de confirmação que outra amostra menos letrada nas questões de ciclo, não olhando para a vacina como “o fator exclusivo de impacto” mas como “um fator”.

Mas vamos ao primeiro estudo.

A NIH atribuiu 1.67milhões de dólares atribuídos a cinco instituições distintas para que se investiguem as queixas que se foram fazendo ouvir sobre alterações menstruais e no ciclo.

Um dos projetos está focado especificamente da população adolescente e os outros debruçar-se-ão sobre a prevalência das alterações sentidas como a duração de ciclo, mudanças no fluxo, escala de dor, etc.

Este primeiro estudo, publicado a 6 de Janeiro de 2022, é sobre a duração dos ciclos e concluiu que a variabilidade foi da duração rondou um dia e foi temporária, i.e., com os ciclos a regressar à “normalidade” de cada pessoa nos ciclos pós-vacina.

Amostra: 3959 utilizadoras americanas da Natural Cycles

Vacinadas: 2403 pessoas (Pfizer 55%)

Idades: 18-45 anos

Duração média dos ciclos da amostra: 24-38 dias

Ciclos analisados: três anteriores à vacina + seguintes (com vacina)

O que se observou:

variação de ±1dia na duração de ciclo;

variação de 2 dias para pessoas vacinadas com as duas doses num ciclo só

sem alteração em termos de duração de período menstrual.

Já da Noruega, chegaram-nos outras notícias, uma semana depois.

A vacina terá provocado algumas alterações em termos de ciclo, encurtando o tempo entre menstruações, por exemplo, e provocando fluxos mais abundantes ou prolongados.

Amostra: 5688 mulheres

Vacinadas: todas

Idades: 18-30 anos

O que analisou: 6 semanas após da vacina (através de auto-avaliação)

O que se observou:

maior probabilidade de alterações após a 2ª dose nas pessoas que as tiveram na 1ª dose;

Fluxo mais abundante ou durante mais tempo;

encurtamento de dias entre sangramentos.

É de notar que pelo menos um terço da amostra norueguesa já apresentava ciclos e períodos com alguma disrupção prévia à vacina, e isto é algo que deves também ter em conta quando avalias os eventuais colaterais da vacina em ti!

Caso sintas que os teus ciclos ou menstruações se alteraram e ainda não regressaste “à tua normalidade”, se não encontras nenhum outro motivo para além da vacina, sabe que podes reportar os efeitos no site do Infarmed.

Enquanto esperamos outros desenvolvimentos, caso tenhas ficado com o nódulo da axila inchado após a vacina, sabe que parece ser um efeito colateral observado em algumas pessoas com as duas doses de vacina mRNA, sobretudo mulheres abaixo dos 65 anos, e que pode durar até 10 semanas.

Volto ao assunto quando houver mais notícias. Até lá desejo-te bons ciclos!

Patrícia