Monitorização Natural de Fertilidade

Os métodos naturais de controlo de fertilidade têm péssima reputação.
E digo “métodos” porque há vários, quase todos baseados nos indicadores de fertilidade que o corpo nos dá no decorrer do nosso ciclo: variam depois no uso que fazem deles e na forma como os cruzam (quando os cruzam).

A libertação sexual das mulheres passou pelo advento da pílula (amén!) mas algures no seu percurso histórico dos últimos 50 anos esta acabou por se transformar numa “receita mágica” para todos os problemas femininos, não os resolvendo e deixando-nos completamente às escuras sobre o que se passa no nosso corpo (sobre isto já escrevi aqui e aqui) achando que menstruamos com a pílula, que só precisamos de nos preocupar com o ciclo menstrual quando queremos engravidar ou que este “não nos faz falta“…

Isso, más práticas e algumas questões de índole religiosa acabaram por trazer muita desinformação, maus resultados e um elevado grau de desconfiança sobre a monitorização natural da fertilidade.

Gostava de dizer que isso são tempos idos, mas infelizmente não são.
O método do calendário, também ele “natural”, serve de base a dezenas de apps de smartphone,”não é indicado para quem é irregular” e diz-nos que ovulamos sempre a meio do ciclo – que é não só uma parvoíce tamanha como uma receita para o desastre (leia-se, gravidezes “surpresa” e mais má publicidade para métodos com outro rigor, como é o caso do Método Natural de Fertilidade (MNF).

Chamei-lhe MNF porque não gostava particularmente das outras variações possíveis, e com a ajuda de duas amigas que acompanharam o nascimento do meu ebook escolhemos este nome.

Denominações à parte, o que importa é saber que o MNF é – na sua essência – um método simpto-termal de dupla confirmação, que parece mais complicado do que é na verdade e que não precisamos de muito para o praticar (imagina que quando o aprendi e me tornei instrutora ainda se fazia tudo com papel e caneta – sem tecnologias, apps e muito menos termómetros especiais ? )

Coisas a saber sobre o MNF:

  • é um método baseado na observação dos indicadores de fertilidade – sinais que o teu corpo te dá (ou não) durante o ciclo;
  • cruza vários indicadores de fertilidade sendo os três primários a temperatura, o muco vaginal e o colo de útero;
  • é barato e não tem efeitos colaterais;
  • baseia-se em encontrar a resposta para uma pergunta simples: “Estou fértil, hoje?” pelo que pode ser utilizado para engravidar e para não engravidar;
  • passa pela observação diária dos indicadores, pelo que afasta a falha das previsões e da “adivinhação” do método do calendário e outros nele baseados;
  • compreende que o corpo não é um relógio suíço, porque tudo está interligado e que o teu ciclo menstrual responde diretamente ao impacto de fatores internos e externos
  • é uma forma de avaliares a tua saúde a cada mês, ajudando-te a conhecer melhor o teu corpo, a corrigir o que não está bem e a melhorar o teu índice geral de bem-estar e de fertilidade (através dos registos consegues aferir se estás ou não a ovular, a duração das fases de ciclos, a dinâmica hormonal, o comportamento da tua tiróide, etc.)
  • com uso perfeito apresenta, como método contracetivo, valores que rondam os 99% de eficácia. (sim, há estudos mas estes não são fáceis de fazer, não só porque métodos naturais há muitos, como há várias “escolas” e nem sempre os indicadores são usados da mesma forma mas podes espreitar esta análise de mais de 17 mil ciclos de 900 mulheres ou esta revisão sistemática)

Desvantagens no MNF, também as há, claro.

  • Com uso típico a taxa de eficácia pode descer aos 70 e pouco porcento e a maioria das mulheres não cumpre o método à risca ou sequer se dedica a aprendê-lo à séria o que equivale a maus resultados (leia-se gravidezes indesejadas).
  • Não protege de doenças sexualmente transmissíveis (pelo que se não tens companheiro fixo e/ou testes recentes, o uso do preservativo é essencial mas com a contraceção hormonal não é diferente);
  • Tem um tempo/curva de aprendizagem (que não é igual para todas as mulheres);
  • Obriga-te a esquecer (quase) tudo o que te contaram e (pensas que) sabes sobre o teu ciclo menstrual e a tua fertilidade, e a aprenderes uma nova forma de estar com e no teu corpo.

Para começar precisas de duas coisas: motivação e o meu ebook.
Depois, garantir que tens uma instrutora certificada, preferencialmente com formação e experiência em assuntos diretamente relacionados – ????? – para te ajudar a seguir caminho, confiante e segura.

Bons ciclos!