Engravidar aos 40

Engravidar aos 40, com um útero bicorno, depois de um ano de tentativas e um tratamento de fertilidade sem sucesso.

É esta a história de uma das minhas quarenta e cinco grávidas de 2017 (8 delas com 40 ou mais anos – duas com 44!).

Estava inscrita no workshop de Outono mas um compromisso profissional acabou por se sobrepor à data e acabou por trocar a inscrição por um acompanhamento individual no início de Outubro. O resto conta-vos ela, na 1ª pessoa:

40 anos.
Basta apenas esta variável na equação para ouvirmos que é uma idade avançada, que tem riscos, que vai ser difícil engravidar sem ajuda, que estamos fora do prazo. E se juntarmos um útero bicórneo, pólipos numa das cavidades…essa equação dá um mundo de impossibilidades estatísticas.
Fora do meu foco e de tudo aquilo em que acredito…acreditei que seria verdade….que não iria conseguir…afinal, já estava a tentar engravidar à um ano e nada. Um ano de muito stress, sucessivas candidiases e mau estar.
Até que caí na asneira de ir de encontro ao sugerido pela ginecologista na altura: que devia ir a uma clinica de reprodução. Afinal a primeira consulta era gratuita e iria só para ouvir umas dicas. E fomos. Não ouvi dicas nenhumas, mas sim o encaminharem-me para uma segunda consulta e respetivas injeções. Certo. Se já estava ali porque não fazê-lo? E durante um só ciclo fi-lo. Com completa descrença no que estava a fazer, mas deixando-me levar pelo que seria expectável: afinal com esta idade é difícil engravidar, não é? Desistimos logo.
Foi a experiência mais penosa e desconcertante que fiz passar o meu corpo em regime de voluntariado. Toda eu me sentia intoxicada, aturdida. O meu maior respeito por quem opta por passar por este processo, mas isto não era para mim. O meu corpo entrou numa avalanche de estado depressivo, desalento, desconcentração, desmotivação, falta de foco, consciência.
Em consciência e com o foco em mim, com respeito pelo meu eu interior, pelo aquilo que o corpo me ensina, pelo que acredito e desejo, voltei aos poucos às opções que naturalmente faria se o medo não me toldasse a visão.
Foi nesse reinício de empoderamento que decidi ter uma sessão no círculo perfeito. Sim, aprender mais sobre mim. Respeitar o corpo. Aprender com isso. E deixar a natureza seguir o seu rumo.
Apesar de tudo, tinha retomado o rumo de auto-aceitação e consciência. E com isso a consciência plena de que se engravidasse naturalmente óptimo, mas se não acontecesse, tudo bem também. Realmente relaxei. Voltei a colocar-me na lista das prioridades e a cuidar de mim. Sem pretensão nenhuma. Mas com desejo, claro.
Há algo mais forte do que o desejo? E quando esse desejo está contextualizado na nossa verdade, naquilo que acreditamos?
Passou mês e meio e o meu ciclo de 28 dias já tinha um prolongamento lúteo que fazia desconfiar. As calças apertadas na cintura e um sem fim de sensações próprias e únicas…

Hoje, escrevo estas linhas com 4 meses de uma vida a crescer! Ainda que desafios venham para os experienciar, acredito num dia de cada vez, tal como a soma de todos os dias que me trouxeram ao dia de hoje, de consciência e partilha.

Há realmente algo mais forte que o desejo?”

Desejo para começar, sim; Depois, informação (para gerir expetativas, o ciclo menstrual e identificar melhores timings).
Por fim, um plano de ação para fazermos a nossa parte (que começa – sempre, sempre – por cuidarmos de nós primeiro).
Espreita aqui o meu artigo de abertura de 2018 sobre este assunto.

Bons ciclos!