Dia Internacional da Visibilidade Menstrual

28 de Maio é o dia internacional da higiene, saúde e visibilidade menstrual.

O dia começou por assinalar as questões relacionadas com a pobreza menstrual e a necessidade de observarmos as realidades onde ela se manifesta para encontrarmos soluções.

Com o passar dos anos, e porque as realidades são muitas, o dia passou também a sensibilizar para a saúde menstrual que é agora algo definido como a ausência de enfermidade ou doença relacionada com o ciclo e a menstruação, mas sobretudo uma vivência menstrual em equilíbrio nas várias esferas em que nos movimentamos: pessoal, física, social e cultural.

Explicando de forma fácil: não adianta de muito teres ciclos de 28 dias como dizem os livros antigos se experiencias vergonha ou tabu em torno do período na tua comunidade. Podes ter um período sem dor mas se te sentes menos por menstruar a tua saúde menstrual não está completa.

Há muitos anos quando comecei a falar de pobreza menstrual diziam-me que em Portugal isso não existia. Mas existia, e existe.

A pobreza menstrual não é só falta de acesso a produtos de recolha menstrual, é também falta de acesso a tudo o que possa permitir uma vivência tranquila e informada do período, como informação e analgésicos, por exemplo.

Mas ainda que nos queiramos focar apenas nas questões do acesso aos produtos, Portugal tem muita pobreza menstrual escondida: nas miúdas de escola que não querem fazer educação física porque só têm um penso para usar por dia e já está cheio ou vai ficar desconfortável depois da aula; em quem anda na faculdade, com imensas despesas e um orçamento que não estica; nas famílias ou agregados familiares com várias pessoas que menstruam e onde se opta por produtos de menor qualidade por serem mais baratos…

À semelhança do que já vai acontecendo na Escócia ou na Nova Zelândia, este é um custo que não deveria ser imputado a quem menstrua.
A distribuição gratuita junto de populações carenciadas, numa primeira fase, e a todas as pessoas que menstruam numa segunda, não deveria levantar grandes questões.

Enquanto por cá ainda debatemos se a pobreza menstrual existe, e porque é que os preservativos e as pílulas são grátis e os pensos, tampões, copos, discos e cuecas não, está ao alcance de toda a gente fazer a diferença.

Deixo-te algumas ideias para te inspirares:

  • coloca um recipiente com produtos disponíveis no WC da tua empresa – quem precisa tira, quem tem a mais contribui;
  • propõe que estejam disponíveis produtos menstruais e analgésicos nas vending machines da tua empresa ou faculdade;
  • se és fã do copo ou outro produto reutilizável, procura alguém na tua comunidade imediata que queira usar mas talvez não tenha tido ainda a disponibilidade para esse investimento; oferece. Toda a gente gosta de dar dicas mas útil mesmo é oferecer o produto.
  • presta atenção à tua envolvente menstrual e sê agente de mudança:
    – a dor menstrual forte e incapacitante não é normal;
    – a TPM tem solução; ninguém enlouquece por causa do ciclo a não ser que sofra de PDPM e nesse caso precisa de ajuda;
    – e dezenas de outras coisas que podes aprender aqui no site ou no Não é só Sangue, que também é uma gentil e empoderadora oferta 😉
  • procura soluções ecológicas para gerires a tua menstruação mas cala os extremistas menstru-ecológicos relembrando-os que cada pessoa deverá escolher aquilo com que se sente confortável;

Neste entretanto, sei que estes locais estão a aceitar donativos de produtos de recolha:

Lar de Santa Cruz – Matosinhos

Associação Protetora da Criança – Vila Nova de Gaia

Fundação O Século – Estoril

Numa outra linha, o projeto Todas Merecemos também aceita contributos.

Se souberes de outros, ou conheceres projetos de combate à pobreza menstrual, envia-me uma mensagem – tenho gosto em incluí-los aqui para que mais pessoas possam ajudar.

Feliz dia menstrual!