Pílula do dia seguinte

Vamos falar sobre a pílula do dia seguinte?

Antes de tudo quero dizer-vos que nasci num mundo analógico, sem contraceção de emergência disponível e sem IVG’s no SNS – já sou “isso tudo de crescida” ?

Ter sexo adolescente no meu tempo não era muito diferente do que é hoje, pelo que me contam as miúdas que me visitam, mas não havia uma solução de S.O.S. para os “imprevistos”. Nessas alturas, aguardava-se ansiosamente a chegada da menstruação, unhas roídas até aos cotovelos e a certeza que, caso “houvesse azar”, não havia saídas fáceis…

Mas a pílula do dia seguinte não é assunto (só) de adolescentes. É assunto de mulheres jovens e adultas, que não querem filhos, que não querem mais filhos, que não os querem agora, ou deste parceiro…

Em Portugal, infelizmente, a colocação temporária do DIU – nos dias imediatamente seguintes ao ato sexual – não é prática corrente como contraceção de emergência como acontece em vários países. Por isso, termos, ao dia de hoje, uma solução destas disponível é, indiscutivelmente, uma coisa boa.

E é preciso entender que a “contraceção de emergência” é isso mesmo, uma solução de “emergência”, ou seja, uma alternativa à tua contraceção contínua, e que te oferece a possibilidade de intervires num cenário de S.O.S.

A pílula do dia seguinte é habitualmente disponibilizada num comprimido de toma única, composto de 1,5mg de levonorgestrel que é vendido sem receita médica e sob várias marcas, na farmácia mais próxima de ti e é sobre esta que vou falar (existem outras: em 2 comprimidos de 0,75mg de levonorgestrel e ainda uma pílula de acetato de ulipristal).

Aqui o que precisas saber:

  • Por muito ansiosa que estejas com a situação, lê SEMPRE a bula que acompanha a contraceção de emergência que te foi vendida (e/ou fala com o farmacêutico se tiveres dúvidas que não encontres respondidas aqui)

Como se toma?

  • A maioria apresenta-se como 1 comprimido de 1,5mg de levonorgestrel de dose/toma única.

Quando se toma?

  • Até 72horas após o ato sexual.

Eficácia (refª à hora da toma):

  • primeiras 24horas: 95%
  • entre 25h a 48horas: 85%
  • entre 49h a 72horas: 58%

Como funciona?

  • a dosagem do comprimido atua sob 3 formas:
  1. inibe a libertação do óvulo;
  2. previne a fecundação;
  3. previne a nidação do ovo no útero.

Efeitos Secundários Comuns

  • Diarreia
  • Vómitos, náuseas
  • Dores de Barriga e de cabeça
  • Tensão mamária
  • Tonturas
  • Fadiga

Advertências

  • Se já estás grávida, a pílula do dia seguinte não é eficaz.
  • A eficácia da pílula do dia seguinte parece ser reduzida em mulheres com mais de 80kg.
  • Não deves repetir a toma da pílula do dia seguinte num mesmo ciclo menstrual;
  • A toma da contraceção de emergência não te protege o resto do ciclo;
  • Se vomitares nas primeiras horas após a toma do comprimido, podes não ficar protegida de uma gravidez indesejada; Pode ser aconselhável fazer nova toma – fala com o teu médico ou farmacêutico;
  • O teu ciclo menstrual pode ficar alterado;
  • Quando mais vezes fizeres uso da contraceção de emergência, maior a probabilidade de alterares o padrão do teu ciclo;
  • Se estás a amamentar deves suspender a amamentação durante um determinado período após a toma: fala com o teu farmacêutico ou consulta a bula.
  • Se a menstruação não aparecer até 5 dias depois da data prevista, faz um teste de gravidez.

NOTA: a pílula do dia seguinte NÃO É uma pílula abortiva.

A maior vantagem de praticar MNF é o facto de sabermos se estamos num dos 6 dias do ciclo em que estamos férteis, pelo que se evitam tomas desnecessárias de contraceção de emergência que – repito? – deve ser apenas isso mesmo: uma solução de emergência.

Resta terminar recordando que apenas o preservativo te protege de infeções sexualmente transmissíveis, pelo que se não estás numa relação fixa e/ou monogâmica com testes negativos (teus e do teu parceiro) a infeções sexualmente transmissíveis, o uso do preservativo é sempre imperativo ?

Bons Ciclos!