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- Publicado: 25/11/2021
- Categoria: Fertilidade
Perdas de 1º trimestre e progesterona
É oficial!
Acordo hoje com a notícia que as orientações do NICE saíram relativamente à suplementação de progesterona em mulheres com abortos de repetição.
Ao longo dos anos, com a monitorização de ciclo das minhas clientes, tem sido possível antecipar situações de défice de progesterona (depois confirmada com análise no “dia certo”), e desde 2019 que mudei os meus protocolos para os casais que chegam ao Círculo Perfeito a tentar engravidar:
a otimização da fase lútea (em que a produção da progesterona ocorre) é essencial antes de lhes dar uma luz verde para as tentativas.
Em 2020, dos 93 positivos no Círculo Perfeito, 15% resultaram numa perda (contra 22% do ano anterior).
Em 2021, com o ano quase a terminar, a percentagem está em apenas 9%.
Enquanto espécie temos uma taxa de falha reprodutiva bastante alta e estima-se que entre ~10-25% das gravidezes tenham um desfecho negativo.
A principal causa está associada a questões de capital genético de qualidade insuficiente e o corpo opta por não investir na gestação.
Isto significa que nunca vamos conseguir solucionar todas as perdas, contudo, vamos entendendo que nem todas são completamente inevitáveis, com o NICE a avançar que a suplementação de progesterona poderá resultar em mais 8000 bebés por ano no Reino Unido.
Com base em dois novos estudos, PRISM e PROMISE, a recomendação é que seja oferecida a possibilidade dessa suplementação a quem tem histórico de sangramento no início da gravidez ou perda de primeiro trimestre.
Os bons resultados parecem aumentar em linha com o número de perdas já contabilizadas pela mulher.
Das várias vantagens conta-se o facto da progesterona ser aplicada pela mulher, vaginalmente, no conforto da sua casa, e ser uma solução de baixo custo.
Desde 1949 que o “défice de fase lútea” está identificado como sendo algo que acontecer, apesar de ainda ser um tópico de grande discussão e com muitas vozes a negar a sua existência e a insistir que todas as fases lúteas, em todas as mulheres e em todos os ciclos apresentam uma duração de 14 dias, o que também já foi sistematicamente refutado.
Talvez um dia destes consigamos também colocar o foco na importância da fase lútea e na produção de progesterona durante toda a vida menstrual, em termos de saúde geral, como expliquei no Não é só sangue.
O futuro faz-se hoje com a ciência a avançar a cada dia, as mentalidades a mudar e as práticas a atualizarem-se.
Hoje é um bom dia para celebrarmos isso.