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- Publicado: 04/12/2023
- Categoria: Ciclo Menstrual, Literacia de Corpo, Perimenopausa
Menopausa – o último tabu
Há anos que trabalho com temas sobre os quais se fala baixinho, ou não se comentam de todo. É o caso da menstruação, da infertilidade, das perdas espontâneas… Nos últimos anos dei conta que não há tabu como o da menopausa.
Vivendo e aprendendo
Quando em 2019 comecei a facilitar os workshops “O ciclo aos 40 anos” estava certa de que este era um tópico difícil. Seja pela quantidade de gente que chega a esta fase de vida sem literacia menstrual, seja porque muitas pessoas ainda estão em fase de querer fazer bebés.
O que não contava era encontrar na conversa sobre a menopausa uma espécie de último tabu como se fosse um segredo apocalíptico que traz consigo o “princípio do fim”.
Esta é a fase da vida onde (parece que) ninguém quer estar.
A menopausa ainda traz consigo um misto de vergonha, embaraço, de corrida contra o tempo, de sensação de falhanço ou de fecho de portas.
E é por isso que precisamos de falar sobre ela.
Números da menopausa
Em Portugal, a idade média, no nosso país, de entrada espontânea na menopausa parece estar nos 48anos.
Isto é ainda uma surpresa (pouco agradável, diga-se) para muita gente.
Por um lado porque, na generalidade, as pessoas pensam que a menopausa é coisa de “idosa”, depois também porque o nosso país permite tratamentos de fertilidade (no sistema privado) até aos 50 anos, deixando a ideia de que estamos férteis até lá.
A idade média europeia é de 51.2 anos para a cessação dos anos reprodutivos.
Porque é que as portuguesas apresentam uma média inferior? é uma questão interessante para explorar… Contudo, até lá, o número de 2,8milhões de portuguesas com mais de 45 anos (Censos 2021) tem de ser o suficiente para trazermos o assunto para cima da mesa: de casa, do emprego e do café.
Sobretudo quando nos últimos anos temos visto aumentar a percentagem de mulheres nesta idade ainda ativas no mercado de trabalho (cerca de 83% segundo dados do BPStat).
Criar espaço
E nesta linha de necessidade de criar espaços para falar de menopausa, têm surgido convites de empresas que compreendem o quão importante é estarem preparadas para acolher e dar resposta a esta amostra específica de população.
No dia 16 de Novembro, a Randstad recebeu-me numa das suas Taboo Talks, uma iniciativa para destigmatizar assuntos que nos tocam dentro e fora dos nossos locais de trabalho, para falar sobre menopausa.
Sensibilizar para as alterações esperadas em termos de organização, memória e performance, é uma forma inteligente de garantir menor absentismo, maior colaboração e resultados adequados.
A menopausa não é só feita de sintomas e alterações físicas, onde tanto gostamos de nos focar. É um processo natural, fisiológico, ainda que complexo, que carece de enquadramento para que não se mediquem mulheres desnecessariamente, por um lado, e para que não falte medicação adequada e atempada para quem precisa, por outro.
Informação, informação, informação
Muito mais se falará sobre menopausa por aqui nos próximos tempos.
Neste entretanto, deixo apenas o esclarecimento de que aquilo que vulgarmente designamos por “menopausa” é habitualmente uma perimenopausa: a fase de sintomas e de transição que pode ser curta (<2 anos) ou levar quase uma década.
Apenas um ano de calendário passado após a última menstruação, sem qualquer outro motivo que não a idade (+45anos), marca a nossa menopausa.
Ao contrário da primeira menstruação, da qual damos conta inevitavelmente, a última chegará sem aviso prévio de que não se repetirá.
Até à tua – e à minha – prometo que por aqui não faltará informação.
Se tens mais de 40 anos, estás a sentir alterações nos teus ciclos, tens sintomas “estranhos” ou queixas novas que te fazem sentir “diferente” do habitual (dores musculo-esqueléticas, zumbido nos ouvidos, dores de cabeça, irritação não justificada, por exemplo), ou queres preparar-te para o que há-de vir, agenda uma sessão comigo. Vamos conversar.
Até lá!