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- Publicado: 14/08/2024
- Categoria: Fertilidade
Infertilidade secundária
Já ter tido um bebé não garante que seja fácil ter outro.
À dificuldade de engravidar, ou de ter um bebé, novamente, damos o nome de infertilidade secundária.
“É ir tentando. Já tiveram um!”
Desde a pandemia que quase metade dos testes positivos dos clientes Círculo Perfeito são de segundos (e terceiros!) filhos.
“Se já conseguiram um, vão conseguir outro” ou uma qualquer variação desta frase é algo que ouvem com frequência.
Contudo, se por um lado o facto de já terem tido um bebé é bom sinal – no sentido em que conseguiram reproduzir-se juntos – por outro, não nos dá confirmação de que as condições em que a primeira gravidez ocorreu se mantenham, e o tempo, nestes casos, pode não ser o suficiente para resolver.
A infertilidade secundária é, na maioria dos casos que recebo, apenas um quadro de subfertilidade que, uma vez corrigido, permite o tão esperado positivo.
Infertilidade secundária ou subfertilidade?
A infertilidade secundária costuma ser mais complicada de gerir emocionalmente quando o casal não teve dificuldades na primeira gravidez. Muitas vezes, esta aconteceu nas circunstâncias ditas “normais”: o casal começou a tentar e a gravidez aconteceu poucos meses depois.
Por vezes, foi de tal forma linear que não houve sequer tempo para entender quais os fatores primários implicados no processo.
É para eles que precisamos de olhar quando tentamos engravidar:
- identificação correta da janela fértil
- avaliação da fase pós-ovulatória
- qualidade do esperma
Para além disso, muitas vezes o estilo de vida também se alterou e verificamos alterações na alimentação, sono, exercício físico; pode haver questões relacionadas com a gravidez e parto anteriores, ou condições de saúde que possam ter surgido ou agravado e suas implicações a nível hormonal, de ciclo ovárico e uterino.
Estar a amamentar não causa infertilidade secundária
Apesar de a Amenorreia Lactacional ser um método de espaçamento de gravidezes, estar a dar de mamar não costuma ser causa de infertilidade secundária, nem costuma ser necessário deixar de amamentar para conseguir uma gravidez.
Em caso de dúvida, uma análise aos níveis de prolatina pode ajudar a esclarecer, mas precisaremos de um bebé pequenino e que mame bastante para eventualmente vermos falha ovulatória devido à amamentação.
A infertilidade secundária e a idade
Sabemos que os nossos óvulos não se regeneram, e que, à medida que os anos passam, a probabilidade de alterações nos mesmos aumenta. Este costuma ser uma variável importante a ter em conta.
Porém, uma variável muitas vezes esquecida nesta equação é a qualidade do esperma, que apesar de ter uma produção contínua e que acompanha a linha da vida, também se deteriora em termos de qualidade e fragmentação de ADN com a idade.
Assumir que um casal que tenta engravidar uma segunda ou terceira vez, não o consegue devido apenas à idade da mulher é um caminho que pode trazer perda de um tempo precioso: meses de tentativas logradas porque o esperma não está capaz, e a sua qualidade não foi aferida previamente.
“Mas ele já tem x filhos de outra relação…”
É comum receber casais cuja mulher nunca foi mãe mas o homem já tem um ou vários filhos de anteriores relacionamentos. Isto muita vez conta como “prova dada” de que o homem é fértil e que o problema não será do seu lado. Na verdade, até realização de um espermograma não temos como saber qual a qualidade do seu contributo neste momento.
A espermatogenese é um processo contínuo que permite a produção de milhões de espermatozoides diariamente. Sabemos, porém, que a cada três meses, aproximadamente, veremos um novo lote de espermatozoides e que a sua qualidade vai depender das condições sob as quais foi produzido.
Medicação, doenças, febre, estilo de vida pouco saudável, sobreaquecimento testicular, etc. são fatores que podem afetar negativamente o esperma.
Informação antes de deitar a toalha ao chão
Um olhar atento sobre todos os fatores que implicam no processo reprodutivo, trará respostas a estes casais.
Apesar de não ser tão fácil fazer um bebé quanto nos disseram, mantermo-nos ignorantes dos fatores que implicam no sucesso das tentativas pode resultar em frustração desnecessária e numa linha de tempo de tentativas muito mais longa do que aquilo que seria preciso.
Se estão a tentar fazer um bebé pela segunda vez (ou terceira, ou…), ou a começar a pensar nisso, venham a uma sessão do Círculo Perfeito ou a um workshop “Fazer um Bebé”.