Fazer um bebé

“É bizarro que alguém consiga engravidar porque é tudo tão aleatório.”

Adoro tudo nesta frase de Lord Robert Winston, o pai das fertilizações in vitro, e de tantos outros trabalhos pioneiros na área reprodutiva, no Reino Unido.

Primeiro porque desconstroi esta ideia de que uma gravidez (por ser algo que o corpo está preparado para fazer) é fácil de acontecer.

Segundo porque assenta no conhecimento que temos da elevada falha em termos de taxa reprodutiva da nossa espécie (estima-se que pelo menos 30-40% dos óvulos fecundados não implantem – e Lord Winston chega a falar de 50%)

Terceiro porque põe a responsabilidade na literacia de corpo, na necessidade de nos educarmos para e sobre fertilidade.

Quarto porque mostra como a realidade pode ser construída com base em vieses: histórias de gente que engravida “sem querer, sem estar a tentar, sem esforço, sem saber, etc.” reforçam a mensagem de que é simples, fácil, rápido.

As estatísticas dizem que sim para cada 3 casais em 10. O que nao se ouve são os outros 7, a dar corpo a realidade: que leva tempo, que não estamos férteis sempre até enquanto casal, e que isso não tem de ser – obrigatoriamente! – reflexo de um problema de fertilidade.

E por último, porque me faz imaginar como seria um mundo onde, em vez de se educar no medo no que toca a sexualidade, se educasse para a responsabilidade.

Aposto que seria mesmo bonito.

Maio foi mês de duas edições do workshop “Fazer um Bebé“.

Estou certa de que quem participou olhará agora maravilhado para a complexidade implicada num simples positivo.

Para quem está a tentar, comecem pelo básico: corrijam alimentação, sono e hábitos que sabem que não servem ( e toda a gente sabe o que não lhe serve).

Avaliem ciclo e esperma.

Depois é só juntar, adicionar um olhar maravilhado, paciência e probabilidade estatística, e já está (ou estará em breve, pelo menos, para a maioria, apesar da aleatoriedade 😊).

Bons ciclos,

Patrícia