Histerossalpingografia – o exame às trompas e a tua fertilidade

A histerossalpingografia vai dizer-te se as tuas trompas estão ou não desobstruídas.
As trompas têm um papel crucial na conceção natural, já que é nelas que a fecundação do óvulo ocorre.

Por trás do nome

O nome complicado do exame é apenas uma descrição do que é e faz, e gosto sempre de o explicar porque acho que é sempre útil perceber o nome das coisas.
Vamos cortar a palavra em partes:

Histero – do grego hystera que significa útero
Salpingo – do grego salpinx que significa trompa ou tuba
Grafia – do grego graphé de escrita ou registo

Fica mais fácil assim, não é? Então, uma histero | salpingo| grafia é um exame que faz um registo do que se passa no nosso útero e trompas.

Explicado de forma simples, é um RX com contraste.
Esse contraste entra na cavidade uterina e faz o circuito das trompas num processo que não dura mais de um minuto. Vê aqui neste vídeo.O exame em si é bastante rápido e no total dura entre 15 a 30 minutos.

Pode ajudar tomares um analgésico ou anti-espasmódico antes do exame, e algumas clínicas vão pedir-te jejum de algumas horas, ou que não tenhas sexo com penetração nos dias imediatamente antes, pelo que deves informar-te antes do teu exame.

A histerossalpingografia é habitualmente feita na fase folicular, portanto, após a tua menstruação (a indicação ronda o 5º-12º dia do ciclo).

Para quem e para quê uma histerossalpingografia

Afinal quem faz uma histerossalpingografia e para quê? As principais indicações incluem:

  • Investigação de infertilidade feminina e avaliação das trompas: É o exame básico para avaliar causas de dificuldade para engravidar, especialmente quando há suspeitas de obstruções, inflamações ou dilatações, ou, ainda, alterações uterinas.
  • Diagnóstico de alterações uterinas: Malformações congénitas, pólipos, miomas submucosos, sinéquias (aderências) intrauterinas e adenomiose. Este também ligado à investigação de abortos repetidos e/ ou partos prematuros, para verificar problemas estruturais no útero que possam causar essas situações.
  • Controlo pós-cirúrgico: Avaliação do sucesso de uma laqueação ou possibilidade de reversão da cirurgia.

Em Portugal, observo uma disparidade muito grande em termos de prescrição deste exame para fins de investigação de infertilidade.
Já tive clientes a quem a histerossalpingografia foi pedida pelo médico ao fim de um ano de tentativas. Outros a quem é dito que sou em contexto de infertilidade e que nessa altura logo lhes será pedido…

O problema?

Por vezes, os casais chegam às consultas de infertilidade e seja pela idade da mulher* ou pela qualidade espermática, é proposta uma fertilização in vitro (FIV), ficando assim dispensada a necessidade da histerossalpingografia já que a fertilização não será “no corpo da mulher”, mas sim “in vitro”.

Porém sei que é intenção de muitos casais continuar a tentar naturalmente, seja entre tratamentos de fertilidade, depois de tratamentos falhados, etc. A estes, recomendo que façam saber das suas intenções aos profissionais que os recebem para que possam fazer a histerossalpingografia, ainda que o tratamento proposto não careça de trompas livre, já que se estiverem de facto obstruídas, as tentativas naturais não funcionarão e deixarão de ser uma alternativa.

Garantir que esta informação está do lado do casal é essencial para que possam tomar decisões relativamente à sua vida reprodutiva e sexual, e não devia ser menosprezado pelos profissionais, já que, como sabemos, um diagnóstico de infertilidade implica em muito mais do que na forma como se faz um bebé.

Mas não só…

Os números não são certos, mas estima-se que, nos meses imediatamente após uma histerossalpingografia, a taxa de sucesso das tentativas naturais possa aumentar entre 10 a 30%, dependendo do tipo de contraste utilizado no exame.
Crê-se que será a passagem do contraste pelas trompas que, em alguns casos, possa contribuir para desobstruir as mesmas de algum tipo de material acumulado (resíduos de muco, células mortas, pequenas aderências, etc.).

Assim, se a intenção for diagnóstico, clareza e esclarecimento sobre a saúde das trompas para manter tentativas naturais em aberto, falem com o v/ médico.
Uma histerossalpingografia pode dar-vos a resposta que precisam.

Bons ciclos!

Imagem: Shivam Diagnostics