Colo do útero: indicador de saúde e de fertilidade

O colo do útero é um protagonista silencioso da nossa saúde ginecológica, sexual e reprodutiva.
Porque não falamos mais dele?

Meu, mas pouco…

Se é questão cultural, ou de educação, não sei.
O que sei é que a maioria das pessoas que chegou ao Círculo Perfeito (inclusivamente profissionais de saúde) nunca tocaram o seu colo do útero.

O colo do útero é um protagonista silencioso da nossa saúde ginecológica, sexual, reprodutiva, mas abandonamo-lo ao cuidado alheio, e, talvez por ser interno, sentimos que não nos pertence.

Escrevi um pequenino ebook sobre o colo do útero há vários anos, com informação sobre como tocá-lo, os exames ginecológicos, o vírus do papiloma humano (HPV) e as perguntas que podes – e deves – fazer ao teu médico. Está disponível aqui.

É por ele que desce a nossa menstruação e o muco cervical que produzimos.
É por ele que passam os espermatozóides em viagem a caminho das trompas.

Contudo, só nos lembramos dele quando “adoece” ou nas consultas rotineiras de ginecologia.

Biomarcador de fertilidade

O colo do útero está “ao fundo” da tua vagina e deverás conseguir palpá-lo introduzindo um dedo e explorando a zona.

Ao contrário das paredes vaginais, com a sua textura fofa, o colo do útero apresenta-se de forma diferente ao toque: uma superfície lisa e que oferece outro tipo de resistência quando se encontra com o nosso dedo. Se for referência para ti, ao toque, assemelha-se muito à glande do pénis.

Durante o ciclo menstrual, o colo do útero responde às flutuações do estrogénio e da progesterona.
Como um cavalinho de carrossel, é possível perceber que sobe e desce acompanhando a ciclicidade das tuas hormonas.

Fica ainda mais fofo, e com a sua abertura mais declarada, quando estás em pico de estrogénio.
Mais rijo e fechado, durante a fase da progesterona.

Contudo, as alterações são subtis. Não esperes um dia tocá-lo quase à entrada da vagina, e noutro sentires que tens de introduzir o dedo até “à garganta”…

É tudo uma questão de sensibilidade e bom senso 😉

Um toque de cada vez

Por ser um indicador interno faz com que possas levar mais tempo a aperceberes-te do que estas dicotomias fofo-rijo, aberto-fechado, alto-baixo querem dizer, de facto, neste contexto.

O truque passa por começares a palpação de forma exploratória e com entusiasmo de estares a descobrir algo novo. Invés de te frustares ao primeiro toque porque não percebes nada. Lembra-te que ninguém percebe muito de coisa alguma à primeira!

Esta é a forma que costumo ensinar às minhas clientes (e fica o agradecimento público à cliente que me autorizou a usar esta imagem para vos explicar o processo).

  1. Ao final do dia, quando escovas os dentes, vestes o pijama, ou juntamente com uma qualquer outra rotina diária, de mãos bem lavadas, introduzes um dedo na vagina (habitualmente usamos o indicador ou o dedo médio – ou ambos).
  2. Quando tocares o colo, usa o teu polegar para marcar até onde o teu dedo foi introduzido.
  3. Pega numa caneta (que deixaste estrategicamente perto do pijama ou escova de dentes) e traça um risquinho no dedo nessa marca.
  4. Fotografa.
  5. Repete todos os finais de dia durante um ciclo inteiro.
  6. Quando menstruares, junta as fotos por ordem. Assim:

Repara como nesta imagem conseguimos observar as subidas a acompanharem o estrogénio de ciclo, com a mais declarada a surgir na altura da ovulação (atenção, esta cliente sabe que ovulou a dia 13 porque monitoriza o seu ciclo, e não porque uma app lho disse!).

Com esta técnica, será fácil começares a perceber as flutuações em altura do teu colo do útero.
Juntamente com este exercício, a textura e a abertura talvez fiquem mais fáceis também de categorizar.

E já está! O teu mapa de estrogénio e progesterona de ciclo com o teu colo de útero a funcionar como GPS.

Espero que esta dica te ajude.
Bons ciclos!