Coito interrompido é método?

Há tanta desinformação sobre o coito interrompido, que volto ao tema para esclarecer coisas importantes como, se é ou não um método contracetivo, taxa de eficácia e o que deves avaliar para decidires se é ou não opção para ti.

Vamos lá?

O que é um método contraceptivo?

Um “método” é, por definição, um procedimento ou técnica que leva a um determinado resultado previamente planeado.

Um método contraceptivo é, então, todo o procedimento que tenha por objetivo evitar a concepção.

Ao evitar ejaculação na vagina, estamos a *tentar* interromper a possibilidade da concepção.

Logo, sim, o coito interrompido é um método contracetivo.

O que é a taxa de eficácia?

A eficácia é a validade de algo e a segurança que apresenta para um bom resultado.
No caso dos contraceptivos, fazemos contas no período de 1 ano de utilização.
Distinguimos uso perfeito (quando nada falha) do uso típico (que é traduzido pelo uso real).

Com uso perfeito, o coito interrompido ronda os 96%, mas, com uso típico, a sua taxa de eficácia desce para 78%!

Para entendermos o que isto quer dizer, lemos a eficácia “ao contrário”, ou seja, 78 por cento significa 78 em cada 100.
Então, se de 100 tirarmos 78 ficamos com 22.

Este é o número estimado de pessoas grávidas ao fim de um ano de utilização do coito interrompido.
(sim, é muita gente e decerto que já te cruzaste com muitas histórias de gravidezes não planeadas fruto do método, porque alguém tem de fazer parte da estatística…)

Por fim, a parte difícil da conversa sobre o coito interrompido.

Temos de ter dois olhares distintos sobre a questão do coito interrompido. Uma que é factual e quantitativa: é método e a sua taxa de eficácia é de 78%.

A outra, envolve questões como autoridade pessoal, autonomia de corpo, dinâmica de relacionamento, etc. e passa sobretudo por conseguires responder a estas perguntas para depois decidires, se o coito interrompido é ou não método para ti.

Estás confortável com a prática? Com todos os parceiros e situações?

Sentes que tens liberdade para dizer que não queres, sem medo de represálias, cara feia ou um “deixa estar, então, fica para outro dia”?

Se cedes, já pensaste sobre o que farás na eventualidade de um teste positivo?

Esta pessoa a quem cedeste autoridade sobre o teu corpo, para seu prazer (e tua insegurança), e que não terá de lidar com consequências físicas do seu ato, estará a teu lado quando for preciso?

Escolher um contraceptivo significa assumir responsabilidade sobre a sua utilização.

O coito interrompido não te protege de infeções sexualmente transmissíveis, apresenta uma taxa de eficácia sofrível quando não queremos engravidar DE TODO e, sobretudo, se não monitorizamos o ciclo (a monitorização não é feita com apps a dizerem-te se estás fértil – elas sabem lá! – mas com biomarcadores. Aqui um ebook gratuito sobre o assunto).

Na próxima vez que vos disserem que o coito interrompido não é um método, expliquem ponto 1. e ponto 2.

Se serve para ti ou não, só tu sabes.

Somos responsáveis pelas escolhas que fazemos – de contraceptivos e de parceiros 😉

Bons ciclos,

Patrícia