Probabilidades de engravidar

“Quais as probabilidades de engravidar por faixa etária? A idade conta assim tanto?”

As minhas clientes mais crescidas a conseguir um bebé com concepção natural tinham 45 anos.

São uma minoria, claro, mas existem.

Engravidar à primeira?

Hoje, com estes números, quero contribuir para desconstruir a ideia que vos venderam que para engravidar basta ter uma relação desprotegida e já está.

Para alguns vai estar.
Para outros, a maioria, não.
Nem nesse ciclo, nem no próximo, nem no outro ainda.
E isso não significa obrigatoriamente que haja um problema!

Até em pico de fertilidade, as probabilidades de engravidar, a cada ciclo de tentativas, são baixas, rondando os 20-25%.

Idade mas não só!

Depois, em cima disto, comecem a debitar valor se:
tiverem problemas de saúde, uma vida pouco regrada em termos de alimentação, stress, sono,
não fizerem exercício, fumarem ou consumirem habitualmente álcool, drogas, ou certo tipo de medicação, etc. (e isto é válido para qualquer pessoa).

As mulheres (cis) têm esta pressão da idade para engravidar e este é um assunto delicado de se pegar,
porque facilmente fere susceptibilidades e rapidamente se acaba a discutir questões pessoais, e histórias de avós e amigas,
em vez de olharmos para o verdadeiro problema, que é simples e é este:

Ao contrário do que acontecia há meio século, embarcar na aventura da conceção entre os 25 e os 28anos (ou antes) é impensável para a maioria das pessoas, ao dia de hoje.

Porquê?

Porque faltam condições (leia-se recursos sociais, informação, literacia em saúde e fertilidade, etc.) para que possamos, enquanto indivíduos, fazer convergir a nossa vida e intenções reprodutivas com o nosso pico de fertilidade.

Por isso, precisamos de olhar de frente para os números, e,compreendendo o continuum da fertilidade do corpo que nasce com ovários e útero, exigir que se criem estratégias de educação para entendimento e manutenção de fertilidade (“hello Círculo Perfeito!” 👋🏼), medidas e estruturas sociais que apoiem a natalidade.

Ao contrário do que se quer vender por aí, “congelar de óvulos” e “tratamentos de infertilidade” não são panaceia para todos os casos.

Bons ciclos!

Patrícia

Fonte: ASMR | American Society of Reproductive Medicine.