8 coisas que o ciclo menstrual nos ensina

Pedir a uma mulher que sofre de cólicas menstruais, fluxos abundantes ou sintomatologia gastro-intestinal associada à sua menstruação, que a receba de braços abertos como uma “dádiva d’O Feminino” parece despropositado e difícil…

Porém, no extremo oposto, encontramos as soluções imediatas de controlo de sintomas oferecidas pela contraceção hormonal. Hoje é comum encontrar mulheres que iniciaram a toma de contraceptivos hormonais pouco depois de terem menstruado pela primeira vez (quiçá ainda em fase anovulatória) e que assim permanecem durante dez, quinze ou vinte anos.

O que estas mulheres não sabem, e por vezes nem imaginam, é que o ciclo menstrual encerra em si um sistema de biofeedback que nos informa, a cada mês, do tipo de cuidado que necessitamos ter connosco. E que, ainda que não nos trouxesse mais nada, a sua natureza cíclica vem lembrar-nos que tudo na vida é isso mesmo, um ciclo: que tudo tem um tempo próprio, um compasso particular – e só por si, num mundo onde o fast-living tomou conta do quotidiano, isto já valeria para nos despertar para o nosso ritmo interno.

Cada uma de nós tem o seu ritmo pessoal. Ao identificá-lo e ao sintonizarmo-nos com ele, podemos dar-nos mais e melhor qualidade de vida, passando a ser agentes activos de mudança, tomando responsabilidade sobre cada escolha, cada ação e avaliando e monitorizando o impacto de cada uma delas nas nossas vidas, nas suas diversas vertentes.

Ganhar consciência da expressão física e psicológica da dança das hormonas no nosso corpo, permite-nos cooperar com o que internamente vai acontecendo; Identificar “norma e exceção” dá-nos espaço para corrigir desequilíbrios nutricionais, detectar outros de origem hormonal, identificar necessidades emocionais que precisam ser endereçadas e tantas outras pequenas-grandes coisas que podem mudar a nossa vida.

Muitas mulheres sabem quando menstruaram a última vez ou quando vão voltar menstruar mas se tiverem de se situar em termos de fase de ciclo apresentam dificuldades.
Ora, quando o ciclo é apenas algo difuso, um intervalo de tempo entre menstruações ou um conceito sem significado, perdemos a possibilidade de utilizar os recursos que cada uma das quatro fases nos traz: a menstruação, a pré-ovulatória, a ovulação e a pré-menstrual. Cada uma delas com uma assinatura bioquímica e hormonal própria e com impacto distinto também a nível cognitivo, comportamental e físico.

Ganhar consciência de ciclo é uma primeira viagem ao centro de nós próprias e que nos pode ensinar:

  1. a tomar melhor conta de nós

identificando necessidades físicas e emocionais através da duração dos ciclos e/ou do fluxo menstrual.

  1. que a fertilidade não tem botão ON/OFF

conhecer o nosso ciclo é também compreender a nossa fertilidade e a sua expressão física (as alterações no colo do útero, na temperatura, no muco vaginal) e que todas as decisões que tomamos, relativamente ao nosso corpo e à nossa saúde, impactam nos óvulos que trazemos connosco desde o nosso nascimento e que vamos utilizar durante os nossos anos férteis.

  1. a ser criativas

a encontrar uma expressão pessoal e individual na forma como nos exprimimos e comunicamos com o Outro, utilizando o processo de auto-regeneração para alavancar sonhos, projectos e recursos internos.

  1. que a energia sexual tem diferentes expressões durante o ciclo menstrual

pois resulta de uma complexa interacção entre hormonas, factores internos e externos, fazendo com que o desejo e o prazer encontrem formas distintas de se manifestar – e que ao reconhecê-las podemos viver a nossa sexualidade de uma forma mais plena.

  1. a identificar as áreas que precisam ser trabalhadas, em cada fase na nossa vida

porque a mal-amada tensão pré-menstrual traz ao de cima os assuntos que precisam cuidado e atenção: precisamos parar para analisar o que ela nos diz sobre a nossa vida actual e fazer as devidas correções.

  1. a dizer “Não”

aceitar que existem situações onde um “não” aos outros significa um “sim” a nós mesmas e que, só por si, esse é um acto de respeito por todos.

  1. que todas as estórias de Mulheres são uma mesma história

uma vez adoptada uma política de gentileza para connosco, poderemos mais facilmente (re)ver-nos nos olhos e na história da Outra e assim distribuir e retribuir gentileza gerando um ciclo de respeito entre todas

  1. a viver o Sagrado em nós

o ciclo menstrual vivido em pleno traduz-se numa união corpo-mente e no resgate do nosso centro e da nossa essência enquanto mulheres.

Precisamos reaprender a olhar o ciclo menstrual.
Ele não é um aborrecimento ou algo que precisamos silenciar enquanto não queremos ter bebés. O ciclo é uma ferramenta de evolução pessoal, um barómetro interno, uma ligação ancestral à expressão máxima da Natureza e uma forma do nosso corpo nos informar do nosso estado geral de saúde. E está disponível “aqui mesmo”, dentro de cada uma de nós.

Bons Ciclos!