A NiT escreveu sobre o Círculo Perfeito

A história do Círculo Perfeito

“Há 15 anos começou a trabalhar com casais em tratamentos de fertilidade. O interesse pela área surgiu do “encanto por aquilo que a tecnologia pode disponibilizar ao serviço da medicina. Podemos ajudar casais, que não têm como fazer bebés, a fazer bebés”, refere. “Estas pessoas sentiam que a vida lhes tinha puxado o tapete e quis disponibilizar-me para lhes dar algum acolhimento, consolo e informação”, diz.

Informação é, aliás, a palavra-chave que Patrícia repete várias vezes ao longo da conversa com a NiT. Os casais que acompanhava sabiam tudo sobre “fármacos e procedimentos”, mas pouco sobre o ciclo menstrual. Muitas vezes estavam “perdidos nos próprios processos”. Assim, decidiu criar um um blogue, em 2010, com um nome “chato e complicado”, como descreve. Chamava-se Plataforma de Educação da Saúde Menstrual e Feminina e funcionava como “um espaço para dar informação de base científica sobre menstruação e fertilidade aos clientes”.

O artigo é de Marta Sofia Ribeiro, que simpaticamente dedicou várias linhas ao meu trabalho, e que podem ler, na íntegra, aqui.

Porque é que o trabalho do Círculo Perfeito importa?

Nestes quinze longos anos muita coisa mudou, mas nem tudo.

A internet – o mundo, a vida em geral – continua cheia de “Ricardos” e de “Edmilsons”, génios a quem falta capacidade de fazer click na ligação ao site disponibilizada no artigo, para verem do que aqui se trata antes de dizerem disparates.
O mundo está cheio de gente sem pudor em dar voz à sua estupidez em praça pública, sem sequer parar para se questionar se “isto” é de facto um problema, e se o é, para quem, porquê, ou porque é um tema para alguns?

Facebook da NiT

É a nossa capacidade de questionar que diferencia a estupidez da ignorância: o ignorante não sabe por desconhecer, mas quer aprender. O estúpido só quer ouvir-se a si próprio (e mostrar-se – por isso, não anonimizei os nomes na imagem).

À conta destas pedras em bruto, cheias de certezas e verdades bacocas, vejo muita gente que não se sente capaz de fazer caminho sozinha – sair da pílula ou usar um método natural de gestão de fertilidade, por exemplo. Que sente que precisa de apoio e suporte para legitimar as suas escolhas (dentro da família – por vezes até mesmo em casal porque o “Ricardo Sá” é o próprio marido – no grupo de amigos, colegas, etc.).

A frase “o teu corpo, as tuas escolhas” é um ideal do qual ainda estamos longe, porque o corpo das mulheres continua a ser campo de batalha e alvo de discussão pública e opinião alheia: e isso tira-lhes autonomia e capacidade de decisão.

Para qualquer pessoa capaz de se questionar, existe o Círculo Perfeito.
Para dar respostas a quem procura mais informação sobre literacia menstrual, em fertilidade e de corpo, para que possa legitimar as suas escolhas.

Cá vamos, em conjunto, a mudar o mundo um período de cada vez.