Vergonha menstrual

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Há pouco mais de um ano, dei uma palestra em Birmingham sobre vergonha menstrual e suas consequências na gestão do corpo.
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Entre o público estavam instrutores de planeamento natural familiar, médicos e outros profissionais de saúde o que permitiu um debate e uma troca de ideias e experiências incrível, nas horas que se seguiram.
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Sabemos hoje que a vergonha menstrual, traduzida em várias formas que vão desde o desconforto com o sangue à dificuldade em falar sobre o assunto, leva a sentimentos de inadequação relativos ao próprio corpo, alastrando para vergonha genital e sexual e resultando numa vivência limitada do prazer.
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O prazer… Como é que alguém que sente que o corpo é sujo, incapaz ou falho vive o prazer? Onde o vai buscar? .
Não só o prazer sexual mas o prazer entendido como conforto na sua pele. O sentimento do corpo ser casa e colo. Um porto seguro de paz e tranquilidade, que por isso quero defender e salvaguardar a todo o custo.
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A vergonha menstrual pode levar a pobres decisões de carácter sexual. A uma incapacidade de fazer valer uma vontade, seja ela um “NÃO”, um “não aceito sexo sem proteção” ou um coito que era para ser interrompido mas que ele “se esqueceu”.
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“O meu corpo, as minhas regras” passa por reconhecermos que este invólucro físico é o que sustenta a nossa existência nesta vida. Que deve ser acarinhado e bem tratado mesmo quando não cumpre as medidas ou a linha estética. .
Se não respeito nem são claros os limites do meu corpo, se permito que o usem sem consentimento ou sem cumprir as regras claras que impus, se alguém que não eu exerce maior autoridade sobre ele, há trabalho a fazer.
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O estigma e tabu em torno dos períodos e do sangue não é só coisa dos países “subdesenvolvidos”. Apresenta-se com diferente grau de expressão um pouco por todo o lado e lá por a maioria da população portuguesa não lidar com pobreza menstrual não significa que a “vergonha menstrual” não esteja presente em nós, mm qd achamos q não…
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A vergonha e a culpa são faces de uma mesma moeda.

Durante toda a história da humanidade, ambas serviram para gerir o corpo da mulher.
Precisamos de reflectir sobre isto…