Para que serve a monitorização do ciclo? – parte I

Até hoje, mitos, desinformação e elevados níveis de iliteracia corporal continuam a contribuir para a ideia de que podemos engravidar a qualquer altura e que os nossos ciclos menstruais são uma coisa impossível de gerir e difícil de entender.

Felizmente, nada disso é verdade.

Vamos dar uma olhadela rápida ao ciclo e ao papel das hormonas durante o mesmo.

Fase menstrual: níveis hormonais estão em baixo, o que possibilita ao útero a descamação do seu revestimento.

Fase folicular: o corpo prepara-se para libertar um óvulo (ovulação). O estrogénio e a foliculoestimulina (FsH) permitem o amadurecimento dos ovócitos e aumentam a produção de muco vaginal (fluído cervical) que permitirá ao esperma chegar ao óvulo. A subida de estrogénio é o gatilho para a produção de hormona luteinizante (LH) cerca de 12 a 36horas antes do óvulo estar pronto para ser libertado.

Fase ovulatória: libertação do óvulo.

Fase Lútea.: após a ovulação, o folículo onde o óvulo se desenvolveu transforma-se no corpo lúteo. Aumenta a produção de progesterona, seguida de estrogénio. Se o óvulo for fecundado, estas hormonas sinalizam o corpo que é necessário manter uma gravidez. Se não, a menstruação ocorre provocada pela queda de progesterona.

Esta comunicação hormonal que serve de base ao ciclo ovulatório é uma teia complexa e delicada e, por isso, sensível a fatores internos e externos,sejam eles situações de saúde, viagens, stress ou alimentação. A libertação de um óvulo pode atrasar se o teu corpo sentir que precisa de dar prioridade à tua saúde em detrimento de uma eventual gravidez.

Os ciclos mudam durante os nossos anos férteis e também podem variar a cada mês menstrual. Contudo, quando aprendemos a ler os indicadores de fertilidade, é possível identificar essas flutuações e dar conta do nossopadrão único menstrual e fértil.

São apenas cerca de 6 dias por ciclo em que estamos férteis: o dia de ovulação e os 5 dias anteriores (que decorrem da taxa de sobrevivência do esperma em ambiente adequado).
Monitorizares os indicadores de fertilidade vai permitir-te, com o tempo, saber quando estás fértil para que possas ou evitar uma gravidez indesejada ou engravidar mais depressa.

Aqui um gráfico de uma das minhas clientes a ilustrar isto da monitorização de ciclo:
Então, os blocos avermelhados de dia 1 a dia 4 de ciclo (DC1-4) são a menstruação. Os pontinhos rosa de DC5-6 são spotting menstrual. O coraçãozinho a DC16 marca a relação sexual. Os círculos na quadrícula colorida abaixo do gráfico são o posicionamento do colo do útero (um dos indicadore s de fertilidade). O bloco rosa no DC16 marca um muco fértil identificado neste dia. Os pontos roxos, unidos por uma linha, são as leituras de temperatura basal. A linha horizontal roxa é a linha de base que nos ajuda a seprar a fase folicular da fase lútea. As mais de 20 temperaturas acima dessa linha indicam gravidez.

Se é a primeira vez que te cruzas com este tipo de informação, é possível que soe confuso ou não faça muito sentido.

A monitorização dos ciclos é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e por isso, também, altamente empoderadora.

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(cont. em breve no post Para que serve a monitorização do ciclo? parte 2)



NOTA: Este texto foi escrito por mim, originalmente em inglês e a convite da Tempdrop, para abertura do “Manual de introdução à monitorização de fertilidade” em Setembro de 2019, escrito por 7 instrutoras de métodos naturais de fertilidade de vários países: única portuguesa com muito orgulho! 🙋🏽‍♀️💪🏼
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