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Depo-Provera

A Depo-Provera é uma forma de contraceção hormonal em forma de injeção (aplicada usualmente no braço ou na nádega) que previne a gravidez através da supressão da ovulação e provocando alterações no muco vaginal para dificultar a sobrevivência do esperma.

A sua substância ativa é o acetato de medroxiprogesterona e a injeção deve ser aplicada usualmente em intervalos de 12 semanas (±3meses) o que resulta em 4 injeções por ano.

Os primeiros testes da Depo-Provera em humanos datam de 1967-78 (em cerca de 14,000 mulheres) e foram conduzidos pela Pharmacia & Upjohn, Inc. Hoje, a Depo-Provera pertence à Pfizer.

Em 1978, a FDA negou autorização da sua comercialização no mercado norte-americano devido aos efeitos secundários graves registados (cancro e morte na maioria dos casos adversos).
Apenas em 1992 a injeção seria aprovada nos E.U.A., apesar das objeções de várias associações ligadas à defesa dos direitos e saúde das mulheres (National Women’s Health Network, National Black Women’s Health Project* e o Women’s Health Education Project*).

Em 2004, a Pfizer informou a FDA sobre o risco de alteração do metabolismo ósseo no uso prolongado da Depo-Provera e passou a ser incluído um alerta nesse sentido, e que se mantém até hoje na bula que a acompanha.

Nesse mesmo ano, um estudo, publicado no Journal of the American Sexually Transmitted Diseases, conjuntamente financiado pela USAID e pelo National Institute of Child Health and Human Development  (que forneciam Depo-Provera a países em desenvolvimento como Moçambique, Tanzania e Nigéria em larga escala – num volume estimado de 40milhões de dólares entre 1994-2000), conclui que este método contracetivo triplica o risco de contrair gonorreia e clamídia, ainda que tenha sido impossível identificar os mecanismos através dos quais isto acontece.

Em Portugal, a Depo-Provera consta do Consenso Sobre Contraceção de 2011 (última edição publicada disponível), emitido pela Sociedade Portuguesa de Contraceção, Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução, no capítulo da Contraceção Progestativa (pág.26 e segs) – solução habitual para mulheres sensíveis a estrogénios, fumadoras, mulheres que estejam a amamentar, com histórico de tromboembolismo pessoal ou familiar, etc.

Nas interações medicamentosas, para além de antibióticos, anti-convulsivantes e anti-retrovirais, vem a indicação de algo tão ‘simples’ como a Erva São João (ou hipericão), disponível em qualquer ervanária ou loja de produtos naturais e, por isso, de venda livre…

Dá que pensar?

Então, olhemos para o que diz a bula** do Infarmed para aprendermos sobre “as estatísticas” da Depo-Provera:

  • Efeitos adversos muito frequentes (mais do que 1 em cada 10 utilizadoras):
    • Cefaleias; dor ou desconforto abdominal
  • Efeitos adversos frequentes (menos que 1 em cada 10 utilizadoras, mas em mais que 1 em 100 utilizadoras):
    • Vaginite; depressão, diminuição da libido ou anorgasmia, insónia, nervosismo; tonturas; afrontamentos; inchaço, náuseas; acne, alopecia, erupção na pele; dor de costas; amenorreia, leucorreia, dor pélvica, mastodinia, sensibilidade mamária; fadiga, astenia, reações no local da injeção;
  • Efeitos adversos pouco frequentes (menos que 1 em cada 100 utilizadoras, mas em mais do que 1 em 1000 utilizadoras):
    • Reações de hipersensibilidade (por ex: anafilaxia e reações anafilactoides, angiedema); retenção de líquidos, alterações no peso corporal; convulsões, sonolência; icterícia; hirsutismo, prurido, urticária; artralgia, cãibras nas pernas; pirexia
  • Efeitos adversos raros (menos que 1 em cada 1000 utilizadoras, mas em mais do que 1 em 10 000 utilizadoras):
    • Diminuição da tolerância à glucose.
  • Efeitos secundários cuja frequência não pode ser calculada:
    • Anovulação prolongada; distúrbios tromboembólicos, hemorragia uterina anómala (irregular, aumentada, diminuída); galactorreia, alterações da função do fígado, perda de densidade mineral óssea.

Se consideras a hipótese de utilizar este método de contraceção, discute-o à luz do teu histórico pessoal e clínico com o teu médico assistente.
Toma decisões informadas. Pela tua saúde.

(* links para as páginas das associações que delas derivaram)
(** vale a pena seguir o link para ler na íntegra)

FONTES:
Infarmed
Comité para as Mulheres, População e Ambiente da Adelphi University – New York
Andrea SMITH, Better Dead Than Pregnant: The Colonization of Native Women’s Reproductive Health in Silliman, Jael; Bhattacharjee, Anannya, eds. Policing the National Body: Sex, Race,, and Criminalization. Cambridge, Mass.: South End Press; 2002: 123-146.
Group Health Research Institute via Delia Scholes M.D.
e todos os links citados no texto.